Começa a colheita de milho sob expectativa cada vez menor de produtividade

A colheita de milho começou em Mato Grosso, mas não anima muito os produtores rurais. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que em torno de 4% da área total cultivada no estado já foi colhida, um atraso de mais de 11 pontos percentuais em relação às últimas safras.
O principal fator foi o plantio mais tardio das lavouras nesta temporada. Com quase metade das plantações semeadas fora da janela ideal, é grande o risco de que falte água durante a fase de enchimento de grãos destes milharais.
A previsão do Imea é de que a produtividade média das lavouras de milho fique em torno de 93,8 sacas por hectare, 14% a menos que no último ciclo, quando os agricultores colheram 109,02 sacas por hectare. Com isso, a produção total prevista é de 32 milhões de toneladas do cereal, recuo de quase 10% na comparação com a safra 2019/20, o equivalente a 3,4 milhões de toneladas.
A movimentação das colheitadeiras é grande na propriedade do Vinícius Sponchiado, produtor em Campo Novo do Parecis. Em sua lavoura, 17% da área dos 5,7 mil hectares de milho, foram colhidos, um ritmo bem inferior em relação ao ano passado, quando nesta mesma época, mais de 60% da área já estava colhida.
“Em relação ao ano passado, estamos com uma perda de 10% na produção devido à falta de chuvas, sendo que a nossa lavoura foi de alto investimento. Tivemos 60% da nossa área plantada dentro da janela ideal para o milho e 40% fora da janela devido ao plantio de soja que atrasou no ano passado. Também atrasou o plantio do milho”, conta.
Em Lucas do Rio Verde, o produtor Gilberto Eberhardt também estima baixa na produtividade. Resultado do ataque de pragas e das irregularidades climáticas.
“Nós perdemos algumas plantas por percevejos com quatro aplicação de inseticidas, e não tivemos um controle eficaz. Além disso, tivemos grandes quantidades de chuvas e na hora do enchimento de grãos nós nos deparamos com falta de águas”.
De acordo com Eberhardt, se no ano passado a lavoura rendeu 144 sacas por hectare, para este ano a expectativa é de 15 a 20% a menos na produtividade por causa do veranico. “Nossos vizinhos que estão colhendo aqui na região estão colhendo de 15” a 20% a menos”, complementa.
“Os relatos de todas as nossas regiões é que estes números tendem a ser menores do que os divulgados pelo Imea. Nós estimamos perdas na faixa de 20% e acreditamos que a média do estado não chega a 90 sacas e, se chegar, chega apertado, pois é uma estimativa empírica, baseada nos relatos”, lamenta o presidente da Aprosoja MT, Fernando Cadore.