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Economia

Botijão de gás mais caro do país força famílias a cozinhar com lenha

Publicado em 27 de Julho de 2021 ás 14:32 , por Da Reportagem – com UOL
Kátia usa lenha para esquentar água e dar banho nos filhos – Foto: Bruna Barbosa Pereira/UOL

Reportagem produzida no início do mês pelo portal UOL mostrou a preocupação crescente dos cuiabanos com o aumento constante do gás de cozinha, que apresenta os preços mais altos do país.

Cuiabá registrou no início do mês os dias mais frios do ano. E nos próximos dias, a previsão também é de temperaturas mais baixas.

Enquanto os termômetros chegavam a marcar 7 ºC, algumas famílias usavam lenha para esquentar água e dar banho nas crianças. Elas não têm chuveiro elétrico e esquentar água no fogão a gás esvaziaria ainda mais rápido o botijão, que chega a custar R$ 115 na cidade.

Mato Grosso é o estado com o gás mais caro no país, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em Sorriso, o botijão chega a R$ 130.

Durante a onda de frio em Cuiabá, Antônia Rosa de Campos e Kátia da Silva esquentavam água para garantir o banho quente das crianças de forma improvisada, usando lenha.

Kátia, que mora no bairro Dom Aquino, montou uma fogueira no chão, com pedaços de madeira. Na região, ela consegue encontrar botijão por R$ 105 para retirada na distribuidora.

A renda da família é de cerca de R$ 2 mil, incluindo o salário mínimo que ela recebe, trabalhando como educadora social. Dessa renda dependem quatro crianças e quatro adultos.

O dinheiro é dividido entre as despesas de mercado, contas de água e luz, remédios para a mãe de Kátia, que tem Alzheimer, e outras necessidades básicas da família.
A cada aumento no preço do botijão de gás, Kátia diz que pensa no momento em que terá que riscar o item da lista de compras da família.

“Fico nervosa. Se o preço do gás subir, vai para quanto? R$ 150? Tenho medo de não dar conta mais, porque o salário não sobe, mas sobe o arroz e o feijão. Quando o preço começa a subir, você já entra em desespero”.

Antônia mora em outra região, no bairro Residencial Coxipó. Não conhece Kátia, mas assim como ela, esquenta água para banhar as crianças. Usa um fogão a lenha.

Na casa da aposentada, oito pessoas vivem com pouco mais de R$ 2,5 mil por mês. Muitas vezes, quando o gás acaba "na hora errada", a família não tem dinheiro para comprar outro, diz. Ela consegue comprar botijão por R$ 110.

“Já estou acostumada com o fogão a lenha. Faço até meu café nele quando acordo, porque R$ 110 é muito dinheiro. Este ano está muito mais difícil, o custo de vida subiu muito. Tudo está mais caro, e o salário não acompanha”.

DOAÇÃO DE LENHA
Antônia recebe doações de um centro espírita, que ajudam no sustento da família. Ganha uma cesta básica por mês e verduras aos sábados.

"Quando não tem lenha, o centro espírita me deixa pegar pedaços de madeira, porque não podemos ficar sem. Tenho uma família grande, geralmente tenho que fazer almoço e janta", conta a aposentada.

PREÇO INACESSÍVEL
Em Mato Grosso, 12% da população está abaixo da linha da pobreza, afirmou Maurício Munhoz, professor de economia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Para essas famílias, diz, o preço está deixando o gás inacessível. Só neste ano, o aumento no estado foi de cerca de 20%.

"A inflação neste ano não chegou a 4% ainda, mas o gás de cozinha já chegou a 20%. É um preço que oscila, em algumas regiões é mais barato, em outras mais caras. Mas o gás subiu muito e saiu da relação de compra de uma parte da população", disse.

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