Suinocultura é a nova “menina dos olhos” da economia mato-grossense

Potência nacional do agronegócio, especialmente de 30 anos para cá, o Mato Grosso se tornou uma força na bovinocultura de corte e na agricultura – especificamente milho, soja e algodão.
Mas para quem pensa que a pauta se encerra por aí, se engana. Hoje, a carne suína dá ao estado a condição de quarto maior produtor nacional, perdendo apenas para as três unidades da região Sul.
O feito é grandioso, pois há 20 anos, Mato Grosso era importador. Atualmente, possui um rebanho de 160 mil matrizes – número estimado pela Associação dos Criadores de Suínos do Mato Grosso (Acrismat) –, contadas apenas entre os associados tecnificados e com produção em escala, filiados à entidade.
Esse número de produtores representa 85% da produção. O restante está nas mãos de pequenas propriedades, quase para subsistência. De sua produção, cerca de 500 mil toneladas/ano, MT consome 25%, exporta 5% e comercializa os 70% restantes com os demais estados da federação.
Pequena para si, porém grande para outras localidades, a suinocultura mato-grossense é das frentes mais promissoras, em função da oferta de nutrientes da dieta envolvida. Contudo, o presidente da Acrismat, Itamar Canossa, reconhece que a conjuntura dificulta muito uma expansão mais rápida.
Ele fala das sucessivas altas do dólar e grandes dificuldades de logística, como a precariedade de rodovias, ferrovias e hidrovias, fundamentais para a chegada de insumos e o escoamento da produção. Aliás, ele atenta para revezes que são comuns à maior parte do agronegócio do MT.
“Soja e milho são abundantes aqui, mas do dólar puxou o preço de tudo. Há dois anos, a saca de milho custava R$ 25. Hoje estão pedindo R$ 80. No mesmo período, o quilo de carne suína saiu de R$ 4,50 para R$ 6,50. Isso significa dizer que há aperto na renda e que a categoria precisa de investimentos na logística”, explica Canossa.
Frente aos entraves de qualquer atividade econômica e, como dirigente, ele prega que não se abaixe a cabeça e que concentre o esforço no trabalho dentro da propriedade.
“Defendo que precisamos fazer a lição de casa, intensificar e mecanizar. A redução de custos está dentro de casa e há muita tecnologia e novos modos de fazer para conquistar o sucesso”, reforça.
DEJETOS
Outro gargalo são os dejetos. Mas os produtores trabalham bem a questão. Grande parte possui biodigestores tornando a atividade autossuficiente no item energia e muitos ainda devolvem a rede elétrica o excedente.
Outro ponto é que os resíduos acabam sendo transformados em adubo, retornando ao solo como nutrientes.
Se a tecnificação é uma grande aliada da preservação ambiental, a mão-de-obra utilizada na suinocultura, também é ponto importante. Na média um colaborador para cada 100 matrizes em trabalho. Ela é bastante qualificada e requer formação específica, de modo que treinamento é uma constante nas fazendas, não só no manejo como na gestão e controles.