Os pilotos da aviação agrÃcola também têm seu dia

A estratégia moderna ajuda a semear grandes áreas destinadas a culturas diversas e a combater insetos, fungos e ervas daninhas. É mais barata, rápida e segura, pois aproveita melhor as condições climáticas, permite usar o defensivo no momento certo e de forma planejada.
dO dia 19 de agosto marca a data em que, em 1947, ocorreu a primeira operação aeroagrícola no Brasil. Foi na gaúcha Pelotas, com um avião do aeroclube local e utilizando um sistema improvisado de pulverização para combater uma praga de gafanhotos que estava dizimando a produção local em diversas culturas.
À época, o socorro veio da iniciativa do agrônomo Leôncio Fontelles e do piloto Clóvis Candiota. Fontelles era o encarregado do Ministério da Agricultura na região e foi a quem os agricultores recorreram, desesperados com as perdas provocadas pelos insetos, que não podiam ser combatidos do chão.
Fontelles era o encarregado do posto local do Ministério da Agricultura e idealizou a ação contra os gafanhotos
Os dois pioneiros improvisaram a instalação de uma espécie de polvilhadeira (encomendada de um funileiro local por iniciativa de Fontelles a partir de desenhos de publicações sobre aviação agrícola) em um avião biplano Muniz M-9, utilizado na instrução de pilotos.
Na tarde do dia 19 de agosto, quando veio o aviso de uma nova nuvem de insetos, dessa vez na região onde hoje é o bairro Areal, Candiota decolou com Fontelles operando o sistema de pulverização e foi quando o jogo começou a virar em favor dos agricultores.
Empolgados com o sucesso, o piloto e o agrônomo abriram em seguida a primeira empresa de aviação agrícola do país, a Sanda (Serviço Aéreo de Defesa Agrícola), que operava com dois aviões CAP-4 Paulistinha.
Inauguraram também a dobradinha – ainda hoje – presente em todas as empresas de aviação agrícola nacionais – obrigadas por lei a terem o piloto especialmente formado para a tarefa e um agrônomo responsável por coordenar as operações (além de pelo menos um técnico agrícola na equipe de solo em cada missão).
A partir daí, a ferramenta começou a ser aperfeiçoada e usada também em outras regiões. Inclusive por iniciativa oficial: já em 1948, a pioneira Ada Rogato se tornou a primeira mulher a pilotar em operação aeroagrícola no Brasil, contra a broca-do-café em terras paulistas – a serviço do Instituto Biológico de São Paulo.
Hoje comemorando seus 74 anos, a aviação agrícola é a única ferramenta para o trato de lavouras com regulamentação própria.
Opera com as mais altas tecnologias embarcadas no campo em equipamentos e produtos (químicos ou biológicos, sementes e fertilizantes), ajudando regiões a colherem até duas ou três safras anuais, além de atuar ainda na proteção das reservas naturais contra incêndios.
Não por acaso, o Brasil ocupa o posto de país com a segunda maior e uma das melhores frotas do mundo, crucial para culturas estratégicas como soja, cana-de-açúcar, arroz, milho, frutas e outras.
Candiota se tornou patrono da Aviação Agrícola nacional pelo Decreto Federal 97.669/89, que oficializou a data comemorativa do setor.