Bom dia, Terça Feira 24 de Junho de 2025

noticias/view
Agro

Brasil vê onda de ‘washouts’ em contratos de milho e exportações ficam ameaçadas

Publicado em 19 de Julho de 2021 ás 17:35 , por Da Reportagem – com Reuters
Problemas climáticos fazem empresas deixarem contratos de exportações – Foto: Divulgação

Problemas climáticos na segunda safra de milho brasileira fizeram com que algumas empresas deixassem seus contratos de exportação por meio da cláusula de “washout” para vender no mercado interno.

Isso acarretou o que operadores descreveram como, possivelmente, a maior onda de cancelamentos de embarques do país segundo maior fornecedor global do cereal em cinco anos.

De acordo com traders e corretores de grãos, grande parte do milho que seria destinado à exportação está sendo redirecionada para o mercado doméstico, já que os prêmios estão atraentes devido à quebra de safra, após registros de secas e geadas, e a demanda segue aquecida pela indústria de carnes para ração animal.

“Realmente vai ser muito difícil executar (contratos de) milho”, disse um operador de uma grande companhia norte-americana. “Quebrou toda a safra… As tradings estão fazendo ‘washout’ quando possível”, destacou um corretor – não identificado.

Em um contrato de venda antecipada de grãos, uma das partes pode deixar a negociação pagando um valor de liquidação à contraparte, em mecanismo conhecido como “washout”.

Um segundo operador do mercado de grãos, de outra grande empresa dos Estados Unidos, disse que o programa de exportações da companhia foi reduzido por temores de escassez de oferta, acrescentando que a onda de “washouts” é comparável à de 2016, quando uma forte seca também afetou a safra de milho brasileira.

Alguns dos negócios de exportação do cereal que agora estão sendo desfeitos haviam sido fechados entre 40 e 45 reais por saca de 60 kg, afirmou um corretor. Porém, compradores domésticos estão dispostos a pagar de 90 a 95 reais por saca, justificando a onda de “washouts”.

COMPRA E VENDA
Na ponta compradora, os frigoríficos têm sido ávidos nas aquisições do produto redirecionado, segundo corretores.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirmou à Reuters que as exportações de milho do Brasil foram mais baixas em junho, já sinalizando o movimento de washout.

“Claro que em julho (o Brasil) ainda vai exportar bem menos (milho) que no ano passado”, disse ele, tamanha a demanda do mercado interno pelo cereal.

Do outro lado, o presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesário Ramalho, afirmou que entre os agricultores o cenário está repleto de incertezas, tanto em relação ao volume que conseguirão colher quanto aos preços que o cereal ainda pode atingir, o que dificulta as vendas aos traders.

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.